Depoimento de Hermes Francisco da Silva Neto
1º Colocado na EsFCEx – Informática
Olá, pessoal. Sou o Hermes, primeiro colocado de Informática de 2019 e vim contar um pouco da minha história para vocês.
Bem, diferente da maioria das pessoas, quando eu era mais jovem eu nunca me imaginei trabalhando no Exército. Quando fiz 18 anos, não queria servir de nenhuma maneira, pois morria de medo devido às histórias que escutava.
Nessa época eu já havia completado o Ensino Médio e começado o meu Técnico de Informática. No segundo semestre do Técnico, em 2007, consegui um estágio em uma empresa de informática, onde trabalharia como técnico. Após me formar no curso técnico, fui efetivado nessa empresa e comecei a faculdade de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
Me formei no começo de 2014, ainda trabalhando no mesmo lugar, e comecei a procurar emprego na minha área de formação.
Em um dia como outro qualquer, minha vizinha, que é Major QCO de Letras Português, bateu à minha porta e teve uma conversa comigo. Me contou sobre o QCO, sobre o Militar Temporário, que até então eu não sabia que existia, entre outras coisas. Após esse dia, acabei me interessando por ser militar e comecei a pesquisar sobre o Processo Seletivo de Temporário. Em maio de 2014 eu me inscrevi no processo, sendo selecionado ao final desse ano para servir como Sargento Técnico Temporário. O curso de formação começou em fevereiro de 2015, e foi um grande choque para mim. Não estava acostumado à vida Militar, aos gritos, aos horários, ao treinamento rigoroso, e por não me sentir pronto para essa vida, acabei desistindo do curso antes de fechar 10 dias de treinamento. Ao final do dia que desisti, acabei me arrependendo e tentei voltar ao curso, mas já era tarde demais. Me senti muito mal, por estar desperdiçando uma oportunidade da qual várias pessoas gostariam de ter. Para não ficar sem trabalho, acabei voltando ao meu antigo emprego na mesma empresa que trabalhei como técnico durante tanto tempo. 2015 foi um ano bem difícil, um ano que em sentia vergonha ao contar para os outros que eu havia desistido do curso, em que eu sentia vergonha de mim mesmo por jogar fora uma oportunidade dessas.
Entretanto, decidi fazer o processo seletivo novamente e me preparar melhor dessa vez. Me inscrevi em uma academia e comecei a frequentar rigorosamente, em 6 meses consegui emagrecer 20 quilos, fui de 89 par 69, e acabe me sentindo muito mais bem preparado dessa vez.
Fiz todo o processo seletivo novamente, me inscrevendo tanto para Sargento Temporário como para Oficial Temporário, já que e possuía a formação no Técnico e na faculdade. Ao final do Processo Seletivo, eu estava como 1º para Sargento e em 5º para Oficial. Pensava que não havia como entrar como Oficial, visto que nos anos anteriores só abriram uma ou duas vagas. Mas em dezembro de 2015, quando saiu a convocação, fiquei surpreso ao descobrir que havia conseguido ser convocado como Oficial Temporário. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida.
Em fevereiro de 2016 comecei o curso de formação no CPOR/PA, e desta vez me senti muito mais preparado, tanto fisicamente como psicologicamente. O curso foi muito tranquilo, e até senti saudades quando acabou. Foram 45 dias inesquecíveis, onde fiz várias amizades e vivi muitas histórias.
Ao final do curso, fui enviado para servir na Oitava CSM, no Centro de Porto Alegre, por sorte, bem perto da minha casa. Conforme o ano foi avançando, percebi que estava onde deveria estar. Senti que havia encontrado minha vocação, meu futuro, e decidir que queria ser militar de carreira.
Em março de 2017 comecei a estudar para o QCO, sendo que a primeira coisa que fiz, foi baixar a prova de 2016. Fiz a prova e acertei 18 Gerais e 16 Específicas. Me baseando nisso, comecei a estudar por conta própria, com uma velha apostila de história e algumas videoaulas soltas aqui e ali.
Admito que nesse ano estudei bem por cima, mal fazendo exercícios e revisões. Fiz a prova em setembro, e quando saiu o resultado descobri que havia ficado em 50º. Fiquei bem surpreso por ter ido tão bem apesar de ter estudado pouco, isso me motivou bastante, e em 2018 comecei a estudar com tudo.
Adquiri o Curso Cidade, somente de Específicas, e de Gerais eu continuava só estudando história, pela mesma apostila que usei em 2017. Nesse ano descobri qual era o método de estudo que funcionava melhor para mim, que era assistir às aulas e responder questões. Assinei o QConcursos e realize inúmeras questões, acho que ao momento da prova, havia feito mais de 8000 questões. Eu criava filtros, onde cada filtro era um assunto diferente, e ia alternando os assuntos conforme meu cronograma, ou conforme sentia que estava esquecendo um assunto. Isso me ajudava a sempre manter os assuntos frescos em minha memória.
Além das questões, assisti à diversas videoaulas, assisti as aulas de 2018, 2017, 2016, 2015 e 2014. Em setembro, fiz a prova bem confiante, mas estava bem nervoso, tanto que não consegui dormir no dia anterior à prova. Ao corrigir a minha prova, percebi que havia errado questões que eu sabia a resposta, por culpa do nervosismo. Nesse ano acabei ficando em 28º, acertado 25 Específicas e 19 gerais, e senti com um misto de tristeza e felicidade. Tristeza por não ter conseguido, e felicidade por ter passado de 50º para 28º. Fiquei em uma semana de luto pelo resultado, mas logo segui em frente.
No começo de outubro já voltei a comprar o Curso Cidade, mas desta vez comprei o Curso de Específicas e o Curso de Gerais, e assinei novamente o QConcurso.
Em 2019, fiz um cronograma que constava o seguinte:
Nos dias que eu tinha expediente até as 17, ou seja, de segunda a quinta, eu chegava em casa e assistia à meia videoaula, que dá mais ou menos uma hora e 30 minutos. Na sexta, no sábado e no domingo, eu assistia à uma videoaula completa por dia, o que dava em torno de 3 horas por aula. Sendo assim, ao final da semana, eu havia assistido 5 videoaulas completas, sendo uma de Geografia, uma de História, uma de Português, e duas de Específicas, além de resolver no mínimo 40 questões por dia. Dessa maneira, eu estudava sem me sentir sobrecarregado ou cansado. Questões eu fazia sempre que podia, baixei o aplicativo do QConcursos, e sempre que não estava fazendo nada, eu ia fazer questões. Seja na fila do banco, vendo tv, deitado na cama etc.
Chegando no final do curso, o professor Djalma, de história, deu uma dica muito importante para combater o nervosismo, ele falou que era pra começar a tomar um copo de suco de maracujá, a partir de uma semana antes da prova. Decidi fazer isso e na segunda-feira anterior à prova, comecei a tomar um suco de maracujá por dia. Chegando no sábado eu já não aguentava mais maracujá, mas todos esses tomando suco me ajudaram a dormir bem na noite de sábado para domingo. Uma outra dica importante me foi dada pelo meu atual chefe, Coronel Edson, ele me disse para na hora da prova, não pensar como se minha vida dependesse daquilo, que se eu mão passasse neste ano, ainda haveria o ano que vem.
Chegando o dia da prova, cheguei mais confiante e mais tranquilo do que no ano anterior, pois além de estar mais calmo, havia feito mais questões, em torno de 16000, e assistido à mais videoaulas, totalizando mais ou menos umas 400 horas de aulas assistidas.
Ao fazer a prova, comecei pelas Específicas, visto que é a área que demanda mais concentração e que vale mais pontos. As questões que eu não sabia eu deixava para depois, e ia respondendo as que eu sabia. Depois, voltava às que eu não sabia, e analisava, tentando encontrar uma resposta. Na hora da prova eu a tratei como se fosse somente mais um simulado entre tantos que eu já havia feito, o que me ajudou bastante.
Sai da prova confiante, apesar de a achar bem diferente da prova de 2018, devido á troca de Banca. Fiquei chateado com o nível das Gerias, achei que estavam muito difíceis, mas achava que havia ido muito bem nas Específicas. Quando saiu o gabarito, pedi para a minha colega corrigir para mim, pois não havia coragem de corrigir. Ao me dar o resultado, fiquei em choque, havia acertado apenas 18 Gerais e 24 Específicas, menos do que no ano anterior. Pensei que não havia chances de eu conseguir entrar neste ano.
Entretanto, coloquei as minhas notas no ranking do Cidade, e conforme os dias foram passando, percebi que essa minha nota havia sido uma boa nota, pois a maioria das pessoas havia acertado menos que eu, e pessoas que haviam ficado majoradas em 2018. Notei que eu tinha ido bem, e o fato de eu ter a mesma quantidade de acertos de 2018 era uma boa coisa, visto que a dificuldade da prova havia aumentado bastante.
Eu estava em 2º no ranking, depois fui para 4º e depois para 3º. Ficava toda hora olhando o ranking, prestando atenção se alguém postava uma nota nova. Foram dias agoniantes até o dia do resultado, dias em que algumas vezes eu pensava que iria passar, e dias em que às vezes eu pensava que não iria conseguir.
Chegando no dia 22 de outubro, eu estava desanimado, pensando que não conseguiria. No momento que saiu o resultado, fui ao banheiro, e abri o arquivo com os nomes dos classificados e comecei a ler de baixo para cima. Chegando no 3º lugar já havia me irritado porque não encontrava meu nome, então fui direto para o primeiro. Quase fiquei sem ar ao perceber que meu nome estava em 1º lugar, foi a melhor sensação da minha vida. A Banca não anulou nenhuma questão Geral, mas alterou o gabarito de duas Especificas, duas que contaram na minha pontuação, e anularam uma específica, que para a minha sorte, era uma que eu tinha errado. No final fiquei com 27 acertos em Específicas e 18 acertos em Gerais.
Após quase 3 anos de estudo, 16000 questões e 400 horas de videoaula, eu finalmente havia conseguido.
A meu ver, o mais difícil nesta trajetória foi encontrar a maneira de estudar que se encaixava a mim. Não vá pelos outros, se alguém consegue estudar 10 horas por dia, não significa que você também deva estudar 10 horas por dia. Cada um tem um tempo e método diferente de aprendizado. O meu foi por aula e questões, sendo que em todo esse tempo, não anotei uma linha sequer em um caderno. Entretanto, cada um aprende de uma maneira diferente, teste diversas maneiras até encontrar a sua, e após isso, mantenha-se focado e seguindo em frente, sei que a estrada é árdua e cansativa, mas no final você vai conseguir.
Eu gostaria de agradecer a todos que me ajudaram a chegar até aqui, minha família, minha querida mãe que sempre acreditou em mim, até quando eu mesmo não acreditava.
Agradeço aos meus amigos, à incrível equipe do Cidade, aos meus colegas de trabalho da Terceira Região Militar, à equipe da ATI, uma equipe incrível, que sempre me deu apoio e teve paciência comigo, aturando quando eu falava do QCO. Agradeço especialmente à Major Eneida, se ela não tivesse batido à minha porta naquele dia em 2014, eu não estaria aqui hoje.
Agradeço especialmente também à minha canga Ten Mariane Kist, que plantou a sementinha do QCO na minha cabeça e sempre me motivou a seguir em frente. E por último, mas não menos importante, agradeço a Deus por estar onde estou agora, me sentindo feliz e completo.
Espero ter contribuído para que muitos que estejam lendo meus relatos possam se motivar assim como eu me motivava lendo os Depoimentos dos Aprovados em anos anteriores.
Desejo a todos que possam ter a alegria que eu tive quando vi meu nome estampado na Lista dos Aprovados e Classificados da EsFCEx 2019 ao CFO 2020.
Um abraço para todos
Hermes Francisco da Silva Neto
1º Colocado no Concurso da EsFCEx – TI
meus parabens, sucesso
Parabéns Hermes, estou na luta também, seu depoimento me inspirou!
Você é tecnólogo ?
Essa vaga conseguiria como tecnólogo?
EDITAL DO CONCURSO DE ADMISSÃO 2019 PARA MATRÍCULA NO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO QUADRO
COMPLEMENTAR E NO CURSO DE FORMAÇÃO DE CAPELÃES MILITARES, A FUNCIONAR NA ESCOLA DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR DO EXÉRCITO E NA ESCOLA DE SAÚDE DO EXÉRCITO EM 2020
II – requisitos especificos exigidos do candidato ao CFO/QC:
a) possuir idade de, no maximo, 36 (trinta e seis) anos, completados ate 31 de dezembro do ano da matricula no CFO/QC (alinea “e”, do inciso III, do art. 3o, da Lei no 12.705, de 2012);
b) apresentar diploma, reconhecido pelo Ministerio da Educacao (MEC), na area objeto do Concurso de Admissao a que se refere a inscricao, emitido por instituicoes credenciadas e cursos oficialmente reconhecidos pelo MEC, na forma da legislacao federal que regula a materia, devidamente registrado, admitindo-se, tambem, o diploma emitido e registrado com fundamento no art. 63 da Portaria Normativa no 40-MEC, de 12 de dezembro de 2007. A participacao dos tecnologos fica subordinada as
decisoes proferidas nos autos da ACP 0001413-95.2014.4.01.3200 – TRF/1; e
c) apresentar carteira ou registro profissional dentro da respectiva area (conselho, ordem,
etc) quando existir.
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Nova decisão judicial proferida pelo juiz Federal Ricardo de Sales confirmou a decisão liminar favorável que já havia sido concedida em relação ao pedido do MPF/AM, em abril de 2014.
O Juiz foi categórico em suas palavras: “constatando-se que a formação de tecnólogo é reconhecida como superior, bem como que o legislador não fez qualquer restrição, não cabe ao edital do concurso fazê-la”.
Esperamos que a partir de agora o tecnólogo não sofra qualquer tipo de discriminação nos concursos da EsFCEx, e que essa jurisprudência seja aplicada aos demais concursos da esfera Federal.
O entendimento é simples, se o tecnólogo confere seu conhecimento através da aprovação em um concurso de nível nacional dificílimo como o da EsFCEx, então, poderá perfeitamente desempenhar suas funções. Todos os anos existem diversos tecnólogos aprovados… prova maior da QUALIDADE dos aprovados e de suas formações acadêmicas.
Vale ressaltar que o Exército já possui dezenas de tecnólogos de Carreira (QCO), bem como, conta com um número muito maior de oficiais tecnólogos-temporários em seus quadros.
PARABÉNS TECNÓLOGOS, VAMOS PAPIRAR!